oi.
eu tô sumida, eu sei. desculpa?
a vida atropelou a escrita da vida. e as vivências do hoje têm sido mais urgentes que as memórias dA Volta ao Mundo de 2012, que você tem acompanhado por aqui. isso não quer dizer que eu parei de escrever. escrevo quando estou alegre, escrevo quando estou triste, escrevo pra pagar boletos, escrevo pra mim, escrevo pro mundo.
mas, como a linha editorial dessa newsletter aqui é/era a viagem ~ à toa pelo mundo ~... parece que eu fiquei à toa nos últimos três meses. o @ é eusouatoa, mas quem me conhece sabe que a última coisa que eu fico é à toa, risos.
fato é que os capítulos da viagem estão sendo escritos numa velocidade mais lenta do que a que eu queria. e por isso eu brigo comigo todo dia. eu tento todo dia. eu acordo com o plano de escrever x páginas, aí a vida me atropela, aí a mente me tapeia, aí escrevo outras coisas. e são coisas interessantes, algumas eu poderia enviar por aqui, mas eu falo “não, essa newsletter é pra outro assunto”. e nossa, essa orientação editorial virou uma camisa-de-força!
aí que hoje eu decidi parar com essa rigidez que eu mesma criei. resolvi parar de brigar comigo, porque me martirizar não faz sentido nenhum. é pra ser prazeroso, pra quem lê e pra mim também, uai.
então agora esse Substack tem duas editorias:
a viagem de volta ao mundo vivida em 2012, contada em verso, prosa, áudio, foto, desenho, colagem e o que mais eu inventar, que permanece na página principal de eusouatoa.substack.com
qualquer outro tema que eu quiser, que vai entrar na aba à toa à toa.
tá combinado? então tá. se não gostou, favor deixar seu comentário de descontentamento abaixo.
Um poema pra iluminar a Semana de Brilho
não sei se você sabe, mas em fevereiro teve carnaval. e depois teve a quaresma que é quando a gente fica pensando no fizemos no carnaval (sdds). e domingo foi a Páscoa que é quando a gente come chocolate botado por um coelho e come bacalhau em homenagem a um revolucionário paz e amor lá da Judeia-Palestina. e agora estamos na Semana de Brilho (Bright Week), um feriado dos católicos ortodoxos que eu acho adequadíssimo, deveríamos todos adotar. afinal, recusar feriado e brilho pra quê?
talvez você não saiba que eu amo o carnaval. eu amo me fantasiar, amo brincar na rua, amo conhecer gente nova e reencontrar gentes conhecidas nessa situação de rua dançante. eu dou tudo de mim nos pré-carnavais, carnavais e pós-carnavais todos que eu guentar participar e até quando eu não aguento mais eu faço um esforço pra ir porque quando eu chego na rua e tá todo mundo dançando tocando brincando fantasiado eu tiro energia do cú e aguento. mais um dia de brilho.
eu amo tanto o carnaval que em 2019 eu mantive um diário carnavalesco poético louco e depois publiquei uma zine sobre essa experiência, a Siricotico (2019), que eu lancei exatamente numa Terça-Feira de Brilho (que calhou de ser meu aniversário, 23 de abril). essa zine existe, mas acabou. imprimi 150 exemplares e todos já têm dono, estão carnavalizando por aí, BH, SP, RJ, California, Portugal, Barcelona… quem tem, tem.
aí que em 2020 tivemos um carnaval sensacional antes do horror. foi incrível, magnífico, exuberante, catártico, impossível, como se a gente soubesse que era uma despedida (vi 3 pessoas fantasiadas de Coronavírus, ainda era uma piada!)
aí que em 2021 não teve e eu chorei me maquiando na penumbra do meu quarto, com medo de tanta coisa
aí que em 2022 eu tava vacinada
e junto com outras entidades carnavalescas vacinadas a gente fez um carnaval clandestino. lambemos todo o mundo, indo contra qualquer norma de segurança. e foi incrível. ninguém ficou seriamente doente, ninguém morreu. aliás, deu tão certo que fizemos dois carnavais, um em fevereiro muito na loucura e outro em abril, nem lembro mais o pretexto, com bem mais gente (e caiu no meu aniversário, teve carnaval no meu aniversário e foi BRILHO PURO!). eu escrevi um poema longo com memórias desse carnaval-delírio, que chamei de SIRICOTICO MASHUP DE VERÃO e li no sarau VersusPoesia, no Arpoador durante o pôr do sol, tem o vídeo aqui. quero repetir essa performance, me chama que eu vou de maiô!
aí que em 2023 Lulão da massa assumiu trazendo a alegria de volta, as crianças vacinadas várias doses e a pandemia parece que acabou. fizemos o Carnaval PósApocalipse, a versão século XXI do mítico Carnaval 1919 PósGripeEspanhola. tinha tudo pra ser incrível e foi mais-que-incrível. foi épico, mítico, histórico, delirante, incontrolável, completamente sem limites. sério, sem limites. eu participei de 20 blocos, começando com o Queima Largada na primeira semana de janeiro e terminando com o Humaitá no começo de março #semlimites
eu, que não sou boba e sou poeta, fiz meu diário carnavalesco poético louco 2023 de registros escritos quando eu chegava em casa. teve dias que eu dormi enquanto escrevia, teve dias que só consegui escrever na manhã seguinte, teve dias que eu escrevi duas páginas de rabisco indecifrável, mas tão aqui comigo os registros, matéria-prima pros poemas que estou escrevendo agora.
sim, estou escrevendo os poemas da nova zine Siricotico do Pós Apocalipse: A Alegria Solta No Meio Do Redemunho (nome muito provisório)!
enquanto os capítulos dA Volta Ao Mundo não vêm, divido com você (que me assina e está sem episódio novo desde janeiro) um dos poemas dessa zine nova.
nada mais adequado pra enviar na Semana de Brilho, concorda?
brilhemos 🌟
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No começo, era o Siricotico e dele nasceram o verbo, a dança e o ritmo uma força vibrante incontrolável nasce nas entranhas do nada e assume o controle sem controle é o desejo desejo de não ter controle Si rico tico é o que que me faz acordar cedo numa segunda-feira de carnaval mesmo cansada meio enjoada com dor de cabeça (indício de ressaca?) pernas e pés exaustos mas estou viva é o que me faz alongar tomar um tylenol com água de coco pra reviver e montar a fantasia do dia passar iluminador sombra batom desenhar um coração na bochecha vestir o rabo de sereia que minha vó ajudou a costurar e as sandálias de andar 15km em um dia percorrer 15km num trajeto de 2km isso significa dar várias voltas entre de para junto com as pessoas que também estão fervendo Siricotico não conhece limites não reconhece cansaço não aceita ser contido não contém vergonha conforto decoro juízo razão linearidade plano cartesiano contém frisson euforia simpatia curiosidade estranheza espontaneidade improviso gambiarra Si ri co ti co variável S sinuosa que se desloca em espiral inconstante incessante Força Motriz Dançante brincadeira gargalhada tremor vulcânico Siricotico é o contrário de melhor ir dormir Siricotico nasce na base da coluna ou seja no cú acende o cú e sobe pelas entranhas até sair pelas pernas braços bocas do Siricotico nasce samba, frevo, marchinhas nada marciais é o que toca caixa surdo tamborim agogô chocalho lata é o que sopra tuba trompete trombone saxofone apito é o que canta êeeeeta êta êta êta é a lua é o sol é a luz da buceta êta êta e faz uma buceta com as mãos erguidas sorrindo Siricotico nasce dentro querendo estar fora com outros Siricoticos é a celebração de estarmos vivas é a chama que arde na pele por dentro para encontrar o sol que arde na pele por fora intuitivamente abro meus braços e pernas em tarasana sou uma estrela de cinco pontas coração pulsante e quente em busca de constelação
Oficina de Zines em São Paulo:
pra fechar esse email, um convite:
dia 29 de abril, sábado, vou dar uma oficina de autopublicações junto com a Carmen Garcia, no Espaço Bananal de Arte, em São Paulo.
é uma oficina voltada para pessoas que escrevem, fotografam, desenham, pintam, fazem colagens, colecionam textos e imagens e/ou são curiosas quanto aos processos de criação gráfica, de qualquer idade, que desejam se aproximar do universo das zines e publicar de forma independente.
bora?!
+ informações e inscrições: https://forms.gle/PSYYQ8LjRjpWpyJ88
agradeço se puder divulgar pra amigues que possam gostar :)
beijinhos e até a próxima,
Lívia
Gosto da fase o que der na telha e viagens. 😘
Adorei a sua ideia de se dividir:) de uma certa forma... de continuar a famosa viagem mas também abrir espaço para outras coisas existirem. Conexão com o passado mas também com o presente...
Si rico.... tchica ! (sorry pelo trocadilho, não resisti:)