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você tem que ir pra Pakokku, lá não tem nada
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você tem que ir pra Pakokku, lá não tem nada

exceto a hospitalidade birmanesa, elevada à milésima potência | À TOA PELO MUNDO_capítulo 15

_ você tem que ir pra Pakokku, lá não tem nada. o bonito é ficar na pousada da Mya Yatanar e dar uma aula de inglês na escola do Mr. Collins.

_ aula? de inglês? faz tempo que não ataco de professora... o que eu tenho que preparar?!

_ não, não, você vai lá só pra bater-papo. é um jeito dos alunos praticarem conversação, ganhar vocabulário e trocar ideia com pessoas de outros países. e pra você é ótimo porque pode perguntar sobre o Mianmar. sobre a língua, comidas, budismo, tatuagem… e até sobre política.

_ ah, entendi. uai, gostei, hein. tá bem, vou. anotando aqui… Mya Yatanar com y nos dois is?


9 de abril

cheguei em Pakokku eram duas da manhã. o motorista disse “sleep here” e então dormi aconchegada sobre os sacos de arroz que cobriam o chão do ônibus. peguei um sono pesado e gostoso até o sol me acordar. meio atordoada, saí andando com minha mochila perguntando “Mya Yatanar?” e as pessoas apontavam a direção. da quarta vez que perguntei, o moço falou “I can take you”, e ainda bem porque eu ainda estava longe. ele tirou a caminhonete da garagem de casa pra me levar e isso diz muito sobre o que eu vivi em Pakokku.

Mya Yatanar tem idade suficiente pra se lembrar da Birmânia, Colônia, e seu inglês fluente, muito melhor do que o de todos que conheci até agora, comprova isso.

pequena, magrinha, cabelos compridos mais pretos que brancos. rosto enrugado de muitos sorrisos. me recebeu vestida com várias camadas de roupas estampadas. fiquei impressionada com o casaco preto, todo bordado de flores multicor e espelhinhos. calor? o casarão é fresco até ao meio dia deste último mês da estação das secas. fica na beira do rio, numa rua arborizada e tranquila. é uma casa de três andares pintada de verde com um terraço no topo, onde são servidas refeições simples, gostosas e fartas. a pousada está aberta desde os anos 80, quando os turistas só tinham direito a 7 dias de visto e viajavam correndo desesperados, parando em Pakokku só pra esticar as pernas na jornada entre Mandalay e Bagan.

todos os quartos estavam disponíveis. peguei um no último andar e, como em todos os hotéis até agora, dormi as horas que me faltavam para descansar.

acordei, almocei e fui atrás do Mister Collins.

na verdade, chegou um novo hóspede na pousada enquanto eu dormia (Archie, inglês, 18 anos) e saímos juntos em busca da escola. a segunda pessoa que encontramos na rua nos entregou um panfleto divulgando a Mr. Collins English School. foi exatamente assim, juro.

o feriado do Festival da Água tinha acabado de começar, então, quando chegamos, encontramos só o Mr. Collins e outro professor, Han Nyent, limpando a escola: um barracão instalado no quintal de uma casa.

assim que nos viu, Han saiu pra buscar mais alunos enquanto ajudávamos o Mr. Collins a arrumar as cadeiras e o quadro branco da sala de aula.

começamos a conversar e logo chegaram 3, 8 pessoas, cheias de perguntas no bolso. eles já sabem muita coisa sobre a Inglaterra, então eu fiz bem mais sucesso.

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em 2012, fiz uma viagem de volta ao mundo tão incrível que pareceu mentira (mas foi tudo verdade). acompanhe a escrita-leitura dessas aventuras: uma viagem literária pelo espaço e pelo tempo. hashtags #literatura #viagens #mundo #memória #aventura #relatodeviagem #mochileira #lowbudget